quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Baunilha e Chocolate de Sveva Casati Modignani


MODIGNANI, Sveva Casati - Baunilha e chocolate. 13ª ed. Porto : Asa, 2006. 415, [1] p.. ISBN 972-41-2869-5

Baunilha e chocolate é um romance que nos faz pensar sobre a vulnerabilidade das relações e a necessidade de um grande investimento nas mesmas para que de facto sejam duradouras e satisfatórias.

Sveva Casati Modignani, numa linguagem simples e com um ritmo regular, dá nos a conhecer a vida do casal Andrea e Penélope. Ela, uma mãe extremosa, dona de casa exemplar e esposa conformada. Ele, jornalista, pai amado, mas ausente e marido infiel e pouco dedicado. Os anos vão passando, permeados de grandes discussões, mas ambos vão se deixando ficar na relação, apesar desta ter perdido o encanto inicial. Como frequentemente acontece, vivem acomodados às suas vidas. Até que um dia a “bolha” rebenta e Penélope decide deixar o marido e os três filhos para fazer um balanço sobre a sua vida.

“Querido Andrea, desgraça da minha vida,
tantas vezes ameacei ir embora, e nunca o fiz. Agora, vou-me embora. Sabes como sou lenta, mas tenaz, nas minhas decisões.
Em dezoito anos de casamento fui medindo o teu egoísmo, a tua capacidade de mentir, os teus medos, a tua infantilidade.
Não quero saber como te vais arranjar sem mim, uma vez que, sozinho, não és sequer capaz de abrir uma lata de cerveja. (…)

A separação é para ambos uma oportunidade para reflectirem sobre as suas respectivas existências. A distância permitirá que façam um balanço sobre o passado, o presente e o futuro, e fará também com que ambos descubram que o amor que os uniu ainda está vivo. Será que vão a tempo de o salvar?

Um livro que nos envolve do princípio ao fim, e que muitas vezes nos faz parar para reflectir sobre os nossos próprios relacionamentos.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Boas Festas


Feliz Natal e muitas Felicidades para o próximo ano são os votos de todos os colaboradores da Biblioteca Municipal Miguel Torga – Arganil aos visitantes deste blog!

E porque a quadra natalícia é fonte inspiradora, aqui vos deixamos alguns poemas, da autoria de diversos escritores portugueses!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A dimensão económica da literacia em Portugal

Realizou-se no passado dia 2 de Dezembro, uma conferência na Fundação Calouste Gulbenkian para apresentação do estudo A dimensão económica da literacia em Portugal.

Este estudo realizado a pedido do Plano Nacional de Leitura pela empresa canadiana Data Angel, “revestiu-se de particular importância ao estabelecer uma ligação directa entre os níveis de literacia da população, associados a práticas de leitura e a competências de aprendizagem ao longo da vida e o desenvolvimento económico e social dos países.”[1]

O Jornal de Letras, Artes e Ideias na sua edição nº 1023 (16.12.2009), apresenta as principais conclusões do estudo, bem como os comentários de Teresa Calçada, directora da rede de bibliotecas escolares, Manuel Ramos dos Santos, economista e Ana Maria Rosa, professora do 1º ciclo do ensino básico.

O texto integral do estudo pode ser consultado no site do Ministério da Educação.

[1] Teresa Calçada in Jornal de Letras, Artes e Ideias nº 1023

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

O Natal do Sr. Scrooge de Charles Dickens

DICKENS, Charles - O Natal do Sr. Scrooge. Mem Martins : Europa-América, [19-?]. 166, [2] p.


O Natal do Sr. Scrooge é um conto da autoria de Charles Dickens sobre o velho, frio, miserável e avarento Ebenezer Scrooge e a sua conversão secular e redenção após ter sido visitado por quatro espíritos na noite de Natal.

A história foi publicada pela primeira vez em 1843 e rapidamente obteve sucesso comercial, bem como a aclamação crítica.

Marley e Scrooge. Ilustração da primeira edição de A Christmas Carol.


O conto inicia-se na noite de Natal, 7 anos após a morte do sócio de Ebenezer Scrooge, Jacob Marley. Nessa noite, Scrooge recebe a visita do espírito de Marley que o avisa que o seu espírito jamais terá paz se ele não modificar a sua atitude gananciosa e avarenta. Marley avisa também que Scrooge receberá a visita de mais espíritos.

De acordo com a profecia de Marley, Scrooge recebe nessa noite a visita de 3 espíritos: o espírito dos Natais passados, o espírito do Natal presente e o espírito dos Natais futuros, cada um deles leva Scrooge a cenários diferentes e após a sua visita Scrooge será um homem completamente diferente, transformando-se num homem bondoso e generoso, capaz de sentir o verdadeiro espírito natalício.

Esta é uma história que merece ser lida. É uma lição para todos nós nesta quadra natalícia.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Livro do mês: A filha do pescador


Pellegrino, Nicky – A filha do pescador. – Porto: Asa, 2007. – ISBN 978-972-41-5252-3

A filha do pescador é um romance de sentimentos fortes: luta, coragem, persistência, amor e amizade.

Rafaela, a protagonista desta história consegue com a sua força interior ultrapassar os obstáculos que a vida lhe vai colocando. Filha de pescadores, a viver na pequena Triento em Itália, Rafaela Moretti casa-se com o filho mais velho de uma das mais prestigiadas famílias da Grande Triento, a família Russo. Inicialmente, a vida de casada foi tudo o que Rafaella tinha sonhado que seria. Ela e o marido tomavam conta de uma loja de linhos da família Russo e habitavam no apartamento por cima da mesma. Porém aos poucos Rafaella começa a perceber que o casamento não era o conto de fadas com que tinha sonhado. Marcello vivia obcecado pelo trabalho e revelava-se um marido pouco afectuoso, e alguns meses após o casamento começa a adoecer, definhando rapidamente e morrendo pouco tempo depois.

Rafaella, fica viúva e vê-se obrigada a regressar à casa da família. A família Russo nunca a havia aceitado e passaram a tratá-la quase como a uma desconhecida, culpando-a pela morte prematura do filho.

Os Padres de Triento têm grandes planos para a vila. Pretendem erigir no cimo de uma colina uma estátua à semelhança do Cristo Rei e mandaram vir um especialista da América para ajudar no planeamento da obra. Rafaella Moretti é convidada para assumir o lugar de cozinheira na Villa Rosa, onde o americano Eduardo Pagano ficaria alojado.

Na vila o conflito instalara-se entre os apoiantes da estátua e os que não apoiavam a sua edificação. Os habitantes da vila dividem-se em duas facções e quando finalmente as obras começam alguém as começa a sabotar. Quem será o autor das sabotagens?

Será de facto Tommaso, o pai de Rafaella?
Conseguirá Rafaella provar a sua inocência?

Com a história de Rafaella outras se vão cruzando: a de Carlotta, a filha do Jardineiro, a de Silvana, a mulher do padeiro e a de Ciro, o dono da Casa de Chá Cigana.

A filha do pescador é uma história comovente e que acima de tudo nos mostra que a esperança nunca deve morrer. É também uma história que apela aos nossos sentidos: ao longo das páginas podemos saborear a cozinha italiana, cheirar o mar, sentir o frio de um rigoroso inverno e ver belas paisagens entre a terra e o mar.

Um livro que vale a pena ler!

“Estava a contemplar o retrato do casamento que tinha nas mãos, como se nunca o tivesse visto antes, mas era impossível que não tivesse reparado nele muitas vezes durante o ano em que estivera pendurado na parede no apartamento da filha. Era a fotografia do marido preferida de Rafaella. O fotógrafo mandara Marcello subir para cima de três enciclopédias, para parecer mais alto do que ela. Talvez fosse por isso que ele estava com um ar um pouco solene. Ou talvez sentisse uma pontinha de aborrecimento por ter perdido um dia de trabalho.
Mas quando Rafaella para aquela imagem dos dois juntos não era a expressão de Marcello que notava nem o delicado bordado no seu vestido branco, mas o amor puro e luminoso que se desprendia do seu rosto. Como a vida tinha mudado num instante!”


A autora:

Nicky Pellegrino nasceu em 1964 e cresceu em Inglaterra, mas passou os verões da sua infância no Sul de Itália. Vive actualmente em Auckland, na Nova Zelândia, onde trabalha como editora da New Zealand Weddings.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O Doutor Jivago de Boris Pasternak

Pasternak, Boris - O Doutor Jivago. - Mem-Martins: Europa-América, D.L. 1987

O Doutor Jivago é uma novela do século XX da autoria de Boris Pasternak, publicada pela primeira vez em 1957. É o protagonista que dá nome ao romance, Yuri Jivago, médico e poeta. O livro conta a história de um homem dividido entre duas mulheres, que tem como pano de fundo a revolução russa de 1917 e a subsequente guerra civil russa de 1918-1920. Mais profundamente a obra reflecte sobre a situação de um homem que vê a sua vida completamente destroçada e dilacerada por forças alheias à sua própria vontade.

O livro foi adaptado ao cinema em 1965 por David Lean. Apesar da história original sofrer algumas alterações na adaptação cinematográfica, esta é de grande qualidade, rica em metáforas e com imagens de uma beleza e força impressionantes.

Yuri Jivago revela-se desde o início do romance uma personagem sensível e poética, características que contrastam com a brutalidade e o horror da Primeira Guerra Mundial e da Revolução Russa. Após a morte dos pais, Jivago é acolhido por Anna e Alexander Gromeko e desde cedo afeiçoa-se a Tonia, filha destes, com quem acaba por se casar.

Lara, é filha de mãe burguesa, que vive sob a protecção de Vicktor Komarovsky, com quem Lara acaba por se relacionar, apesar de noiva de Pasha Antipov, um jovem estudante idealista que acaba por se envolver no Bolchevismo.

Yuri e Lara, cruzam-se pela primeira vez após a tentativa de suicídio da mãe de Lara, ao descobrir o envolvimento da filha com Vicktor. Reencontram-se mais tarde numa festa de Natal da alta sociedade, onde Lara fora para encontrar Vicktor numa tentativa de recuperar alguma da sua dignidade. Apesar da impressão causada por Lara em Yuri, eles apenas se reencontram anos mais tarde, durante a 1ª Guerra Mundial. Yuri deixara em Moscovo a mulher e um filho e Lara anda à procura do seu desaparecido marido. Servindo no mesmo hospital militar, os dois acabam por se apaixonar, mas o seu amor apenas será consumado após a guerra, numa cidade chamada Yuriatin.

É também em Yuriatin que se dá o reencontro com Vicktor Komarovsky, que tendo ganho alguma influência no governo Bolchevista, oferece a Lara e Yuri a oportunidade para fugir da Rússia. Influenciada por Yuri, Lara acaba por aceitar a oferta, com a promessa de que brevemente ele a seguirá…

O Doutor Jivago é um romance comovente, que faz um excelente retrato da sociedade russa dos inícios do século XX. Apesar de se tratar de uma narrativa algo densa e rica em descrições, é sem dúvida uma leitura recomendada.

“Komarovski era a sua maldição; odiava-o. E os pensamentos de Lara seguiam todos os dias o mesmo curso.
Sentia-se prisioneira dele por toda a vida. Que fizera Komarovski para a escravizar? Como conseguia ele submetê-la, conduzi-la a satisfazer-lhe os desejos, obrigá-la a saborear os frémitos da vergonha? Triunfava graças ao ascendente da idade, à dependência financeira em que se encontrava a mãe em relação a ele, ou à habilidade com que utilizava as ameaças? Não, não e não. Tudo era absurdo.”